sábado, 11 de dezembro de 2010

Conto de Terror # 1 (4.ª Parte)

Depois desse dia nada foi igual. O final da minha infância aconteceu nessa madrugada e não em orfanatos que percorri até vir para aqui, quero dizer, para ali... é estranho.... ainda agora, sentada nesta carruagem, tenho dificuldade em situar-me. Ainda vivo naquele quarto manchado de sofrimento ou percorro uma nova oportunidade na minha vida?
Já não tenho medo dele. Daquele a quem chamo salvador. Criei uma resistência forte ao seu poder de tentação malvada. Já não temo o senhor que deixava as mulheres enlouquecidas pelo toque gentil e os homens loucos de raiva por não serem como ele. Destemido, frio, poderoso. O meu salvador causava verdadeiras cenas de amor-ódio entre casais e apaixonados.
Quando o conheci, carente que estava, abracei-me à lembrança do meu pai, às saudades do colo da minha mãe. Nele reencontrei o sossego que tinha sido mutilado tão precocemente. Com ele voltei a falar, a soltar as primeiras risadas após um interregno de vários anos. Voltei, por breves e já esquecidos instantes, a ser feliz. Não da forma inocente que havia sido, mas vivendo uma felicidade reconquistada após uma perda. Podia ter sido tudo bastante mais simples se não tivessem acontecido algumas peripécias que o transformaram num homem temível. Podia ter sido tudo mais simples se não tivéssemos conhecido Godofredo.

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