quarta-feira, 1 de dezembro de 2010

Conto de Terror # 1 (1.ª parte)

Sentia que a vida recomeçara. Não do ponto zero, uma vez que vivera aquela história durante mais de treze anos e não a podia apagar da memória... longos dias, intermináveis horas. Minutos que pareciam prolongar-se entre as batidas do grande relógio da sala que, estupidamente, faziam enlouquecer os meus batimentos cardíacos. Soubesse eu o que agora conheço, jamais teria decidido ficar.
Olho-me amarga, desiludida e apavorada. Com um sentimento sufocante de ter perdido os melhores anos da minha vida naquela casa, naquele quarto... um tempo para sempre inesquecível pelo desagrado e desconforto.
Contudo, ao avançar para a claridade da literal luz do túnel, ouvindo ritmadamente os sons do comboio, dou por mim a imaginar, ainda atordoada pelo passado, como seria eu se tivesse continuado ali... sabia que vivera o que muitos só acreditam que aconteça no mais horripilante e sórdido filme de terror. E no entanto, esta tinha sido a minha história. O meu ontem coberto de vergonha e mistério, os segredos escondidos numa almofada sufocada. Um medo perturbador, incapacitante, destruidor.
Sair dali fora uma necessidade, mais do que uma opção. Não era suportável ficar naquela casa, o mesmo cenário mordazmente pacífico, a madeira sempre tão brilhante pela cera meticulosa.
Era demais!

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